Um Tête-a-Tête na mesa do Santa Gula à procura de um "Somnium"


O nosso confrade Bolivar, proporcionou um excelente encontro de vinhos brancos escolhidos pelo próprio e servido as cegas. Todos decantados, e com o mesmo tempo de espera fora da garrafa.
O local escolhido foi o Restaurante Santa Gula em Santo Estevão, onde fomos muito bem recebidos pelo senhor Rogério que nos presenteou com um magnifico manjar.

Os vinhos apresentaram-se pela seguinte ordem, as notas de prova da minha autoria e as pontuações (0-20) são da média dos provadores:

Encontro Brut Rosé Espumante (Beiras-Portugal) - Esboçando ligeiros tons acobreados e algum âmbar. Bolha fina e persistente. Aroma expressivo e exuberante, um vivaço. Numa primeira fase revela traços de bagas silvestres, com particular relevo para a groselha e framboesa, a que mais tarde se junta morangos. Numa fase mais avançada, surgem intrigantes sugestões de rebuçado
Mousse abundante, rico na boca, expressivo e falador. Acidez qb, solta sensações contraditórias, por vezes peculiares, sempre originais e pouco comuns. Recorda tomate pela acidez, romã pelo aroma, morango no fim de boca, e sobretudo, muito, muito dióspiro pela prova de boca. Nada de dióspiros madurões, mas sim o dióspiro ainda na fase inicial de maturação, na conversão de fruta verde para madura.
Final de boca elegante, sedoso. Média :15,60 pontos

Somnium 2017 Branco (Douro-Portugal) -Cor amarelo ouro claro. Basta levar o copo ao nariz pela primeira vez para logo a boca se abrir de espanto face a tamanha concentração, complexidade e intensidade. Devemos começar pela fruta, pela maçã madura, pela pêra generosa e pelos pormenores suaves do pêssego. Não nos podemos esquecer de mencionar as suaves notas melosas,  o perfume do caramelo. Finalmente, não podemos passar ao lado do assombroso lado floral, um jardim na graça da primavera a iluminar e a alegrar as narinas.
Intenso, mineral, este branco cobre o palato de fruta branca, numa explosão mista de fruta e pedra capaz de devolver a vida a um morto! Estruturado, relativamente gordo, a acidez não dá um segundo de tréguas, mantendo-o sempre em forma, estaladiço e objectivo. É um vinho de enorme complexidade, rico, equilibrado e com um longo e poderoso final de boca que convence os mais cépticos. Média:17,50

Mirabilis Grande Reserva 2017 Branco (Douro-Portugal) - Apresenta-se na cor amarelo palha carregado, quase na transição para o amarelo ouro.
O aroma está bastante fresco, muito leve, gracioso e perfumado. Transmite a imagem de um campo coberto de flores. Mas logo de imediato somos despertados para a presença da casca de pêssego. As marcas de fumo não são imediatas, mas após alguns volteios mais violentos do copo, elas aparecem e permanecem por algum tempo, associados a tosta e um pouco de caramelo. Mas sem intensidade suficiente para mascarar os outros aromas delicados, apenas um complemento.
Está macio e sedoso, glicerinado, muito suave, com acidez diminuta mas suficiente para enquadrar o vinho. No conjunto temos um branco muito harmonioso e perfumado. Média:16,40


Chocolate Branco (Rioja-Espanha) –  Este vinho tem a curiosidade de ser o resultado de um Blend de 3 colheitas diferentes. Apresentou-se num amarelo com suaves tonalidades douradas. Nariz muito envolvente dada a profundidade e complexidade aromáticas, mas, sobretudo, pela originalidade de estilo. Um aroma vigoroso, sem ser pesado, a sugerir notas de fruta cristalizada, fruta cozida, chá, jasmim, menta e frutos secos. Uma verdadeira encruzilhada de sugestões aromáticas, envoltas pelas nunces tostadas, que tornam difícil, mas ao mesmo tempo estimulante, o papel do provador. Continua sedutor no palato: corpo mediano, evolução fresca a confirmar o primeiro nariz e um final com média persistência. Uma forma de fazer vinho com potencialidades e já feito também em Portugal que, acreditamos, permitirá oferecer aos consumidores vinhos de muito bom nível. Média:16,60

Chateau Puech-Haut Tête de Bélier 2016 Branco (Languedoc-França) - Este "Franciú" indica logo no primeiro contacto que é um vinho encorpado, cheio, carregado de personalidade, um branco que nos aponta um caminho seguro para o lado floral, misturado com muita pimenta branca e fortes indícios de tomilho. Enterradas nas profundezas do copo, despontam leves sugestões citrinas.
Possante, glicérico, entroncado, e um pilar de segurança, um vinho robusto sem nunca ser rude. Acidez muito bem integrada, será difícil encontrar um vinho que se adeqúe mais à mesa que este Tête de Bélier. Não o perca, prove-o com muita atenção, e verá que lhe será impossível resistir. Um excelente vinho branco. Média: 18,00

Kaputt 1ªedição Branco (Douro-Portugal) – Este branco foi o segundo vinho na mesa resultante de um blend de várias colheitas. Apresenta-se de cor cristalina. Nariz fresco, vegetal, com apontamentos que sugerem uma salada de fruta. Leve madeira confere-lhe estrutura. Na boca entra amplo e fresco, evoluindo de forma equilibrada e directa para um final moderado, de complexidade média e acidez vincada. Apesar de não existir muita profundidade de sabores, onde predomina o vegetal, o conjunto consegue rasgos de prazer e frescura. Média:15,50



  
Principal 2011 Branco (Douro-Portugal) - Nariz fresco, dividido em dois distintos conjuntos aromáticos. Por um lado, surge uma mineralidade forte, quase ferrosa, completada por nuances vegetais frescas, e, por outro, existe uma concentração de aromas a mel, ananás, melão e figos muito interessante. Na boca é carregado nos sabores a mel, espessos, enquadrados e avivados por uma acidez fresca, muito equilibrada. Esta estrutura conduz um final de boca moderado/longo, elegante, leve, de pendor mineral no pós boca. Um vinho de perfil moderno que agradará facilmente à maioria dos consumidores. Além de ser capaz de acompanhar tanto pratos de carne ou peixe. Penso que este vinho foi um bocado penalizado, por ter sido o ultimo a sair para a mesa, vistos os sentidos dos provadores já estarem cansados. Média:16,70

Obrigado Bolivar por este momento!!!


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