Tanto por Cem Reis!


Com toda a humildade vos digo.


Sou ainda um “rookie” neste mundo encantado dos vinhos, um simples consumidor ávido de conhecimento e de experimentar novas sensações, desejoso de me defrontar com vinhos que questionem lugares comuns, que desmitifiquem preconceitos, que desafiem uma certa lógica instalada - que também a há – nesta nobre ciência. De tempos em tempos, nessa demanda do “santo graal”, acontece-me provar um vinho que me faz sentir como se tivesse “atingido o nirvana”.


Foi o que aconteceu recentemente, numa prova cega de monovarietais entre amigos e confrades, com o “Cem Reis Reserva 2017”, o emblemático vinho da Herdade da Maroteira.  


Este vinho teve, desde logo, o condão de me fazer abandonar o preconceito que tinha sobre a casta com que ele é feito, a cada vez mais disseminada Syrah. De um modo geral, os vinhos que tinha provado desta casta mostraram-se, para mim, muito expressivos no aroma mas algo “verdes” e demasiado ásperos na boca, resultando assim um pouco desequilibrados.

Pois este “Cem Reis” veio simplesmente destruir essa ideia feita. Trata-se de um vinho que se destacou facilmente dos demais que estavam em prova, pelo seu equilíbrio e grandiosidade.


Está lá tudo, em doses certas. Corpo e estrutura, sem deixar de ter elegância e finura. Exuberância aromática, de par com taninos bem presentes e perfeitamente harmonizados com a madeira. Um final longo e redondo, que me levou a sítios onde ainda não tinha ido, com a Syrah. Apesar do seu relativamente alto teor alcoólico, este vinho traduz-se numa experiência sensorial fantástica, que, para resultar em pleno, reclama uma harmonização a condizer, com pratos com substância (carnes vermelhas, por exemplo).     


Creio que o melhor elogio que posso fazer a este vinho é o de que, se tivesse de indicar a alguém vinhos para ter em casa e impressionar os convidados num jantar ou simplesmente para guardar e abrir numa ocasião especial, este figuraria certamente na short list.


Voltaire dizia que “os preconceitos, meu amigo, são os reis do vulgo”. Se assim é, este "Cem Reis Reserva 2017” fez-me acreditar que estou a caminho de abandonar a vulgaridade.

O Fiel Provador

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